
A crise nacional do Novo, em torno de posições pró ou contra o impeachment do presidente Bolsonaro, não parece preocupar muito o deputado estadual santa-mariense do partido, Giuseppe Riesgo. Ele não nega as divergências, mas afirmou ao escriba crer que "brevemente serão superadas" e a agremiação voltará a "focar em propostas para melhorar nossa cidade, Estado e país".
Mas, e no Rio Grande? E ele, Riesgo, como se comportará em relação a 2022? Confira a manifestação do próprio, em papo eletrônico com a coluna:
Claudemir Pereira - Qual a posição do Novo nesse início de discussão sobre a eleição de 2022, no Estado. Concorre ao Piratini? Apenas ao Parlamento?
Giuseppe Riesgo - O Novo trabalha para ter uma candidatura forte ao Palácio Piratini. Consideramos que a participação no debate público deve ocorrer em todas as esferas políticas disponíveis. No entanto, não abrimos mão de termos uma candidatura forte e competitiva. É sob esse prisma que trabalhamos. O mesmo vale para as candidaturas ao Senado (em que já temos um bom nome interessado) e as cadeiras dos Legislativos estadual e federal. Inclusive, nesse momento, estamos com o processo seletivo aberto para os cargos da eleição proporcional. É uma ótima oportunidade para quem deseja participar ativamente das mudanças defendidas pelo Novo. Quem tiver interesse, pode falar comigo nas minhas redes sociais que será bem-vindo.
CP - Qual a posição individual do deputado Riesgo diante de 2022? Candidato a reeleição? A deputado federal? Quando ocorre a definição?
Riesgo - Ainda há muito para se fazer na Assembleia. Meu foco está em fazer um trabalho honesto e eficiente no Parlamento e, assim, honrar os votos que me foram confiados. Ainda não sei se buscarei reeleição ou se disputarei outros cargos. O fato é que me comprometi em realizar um mandato sério junto à população gaúcha que ainda não findou. Essas definições ficarão apenas para o ano que vem. Provavelmente, entre março e abril.
CP - Algo a acrescentar?
Riesgo - Pessoalmente, sinto forte preocupação com o cenário político de Santa Maria. Tivemos a formação de uma bancada mais liberal no Legislativo, mas a eleição à prefeitura foi, infelizmente, abaixo do esperado. Como eleitor santa-mariense me senti bastante frustrado com a eleição ao Paço municipal. Eu amo Santa Maria. É nessa cidade que nasci, cresci e me desenvolvi. Nossa cidade precisa de mudança e modernização urgente. Precisamos apresentar algum projeto diferente e inovador para que Santa Maria, finalmente, cresça e se desenvolva socioeconomicamente. Trabalharei fortemente para que, em 2024, tenhamos uma opção que renove a política de Santa Maria.
Dobradinha certa na tática eleitoral do PC do B daqui: Rempel/Maria Rita
Está definido: os senadores não fecharam com a ideia aprovada na Câmara dos Deputados e retiraram a possibilidade de volta das coligações partidárias no próximo ano. Com isso, os partidos que já imaginavam a possibilidade de alianças que ajudassem a superar a cláusula de barreira, terão mesmo que se virar solitos.
Diferentemente de algumas nulidades políticas, que só existem para sugar recursos públicos, partidos ideológicos importantes, especialmente do lado canhoto, mas também do destro, terão de se rearranjar em 2022 - como já aconteceu ano passado, na eleição municipal.
Um dos que terá de estudar bem a sua tática eleitoral é, no caso do Rio Grande do Sul, o PC do B, que tem uma grande "puxadora" de votos, Manuela D'Ávila. Porém, ela, consta, não estaria disposta a disputar vaga de deputada federal.
Então, e há quem torça por isso, a líder comunista do B poderia concorrer ao Palácio Piratini. Seria uma forma de compensar e angariar votos para a chapa proporcional, estrategicamente o principal objetivo eleitoral da sigla.
É evidente que o resultado das discussões internas no partido respingarão diretamente em Santa Maria. A agremiação não poderá deixar de dispor de seus principais nomes eleitorais na boca do monte, o vereador Werner Rempel e a suplente de vereadora Maria Rita Py Dutra.
Se o colunista fosse dado a apostas, não teria dúvida alguma: os dois militantes estarão na urna eletrônica de 2022. Candidatos a deputado. A federal. E a estadual. A única dúvida é saber quem concorre a que, entre os dois.
Nomes na pista da corrida pelo Piratini
Depois dos movimentos do PSB, com a pré-candidatura de Beto Albuquerque, e do PT, com o deputado Edegar Pretto, ambos registrados na coluna, o lado canhoto depende ainda de uma posição do PC do B para saber o quão competitivo poderá ser em 2022.
Pela destra, há questões a se resolver, antes do confronto interno entre Luis Carlos Heinze, já lançado pelo PP, e Onyx Lorenzoni, do DEM, pelo apoio de Jair Bolsonaro. Uma é exatamente a situação de Lorenzoni, cujo partido tende a virar oposição, nacionalmente. Antes desse bafafá, dificilmente se saberá quem (ou ambos?) terá o coração presidencial, na disputa pelo Palácio Piratini.
Pelo corredor central, porém, parecem estar se movendo algumas peças importantes. O MDB, por exemplo, deu início anteontem, em Erechim, à série de encontros regionais (um deles, mais adiante, será em Santa Maria) que terminarão, em dezembro, com a indicação do pré-candidato do partido ao governo.
Já o PSDB tem ato importante nesta segunda-feira, 27. É a data marcada para receber, nas hostes tucanas, o até agora petebista Ranolfo Vieira Júnior, o vice-governador. Sim, é o principal nome do governo para a sucessão de Eduardo Leite que, diz-se, não irá mesmo concorrer à reeleição, mesmo que perca as prévias do seu partido para concorrer ao Planalto.
Resumo da ópera: para o Palácio Piratini, se saberá, até dezembro, quem está na pista, ainda que dela poderá ser afastado mais adiante. Enfim, salvo surpresa de última hora, os nomes serão conhecidos. Já na corrida para a única vaga para o Senado... Bem, aí já são outros quinhentos.
LUNETA
DEPENDÊNCIA
Não obstante a importância da sigla e suas bandeiras, há analistas entendendo que o PDT hoje, por força das circunstâncias e boa ajuda dos líderes, que não forjaram outros nomes, é "cirodependente" (nacionalmente) e "romildodependente" (em terras rio-grandenses). Pode ser que sim, pode ser que não. Afinal, e esse é o contraponto, quantos times podem contar com centroavantes como Ciro Gomes e Romildo Bolzan?
ADVOGADOS
A coluna registrou, três semanas atrás, a intensa movimentação nos bastidores, por conta da disputa pela sucessão de Péricles Costa, que deixa a presidência da subseção local da OAB. Agora já é possível antecipar que ao menos duas fortes chapas se organizam. Uma, mais identificada com a situação, terá como candidata a atual vice, Juliane Korb. Outra, oposicionista, tende a ser liderada por Marcelo Lugo.
ESQUECIMENTO
Na história de politização ou não da vinda da Escola de Sargento das Armas (ESA) para Santa Maria - ou a sua (dela) ida para Ponta Grossa ou Recife -, na nem sempre humilde convicção deste escriba, faltam personagens. No perceptível esforço para carimbar eventual culpa no governador, há quem esqueça que bem situadas figuras regionais estão abancadas em Brasília e muito próximas ao presidente Bolsonaro. Né?
NOVA CHANCE
Com requerimento aprovado na quinta-feira, estarão na capital nesta segunda e na terça, os edis Adelar Vargas (MDB), Alexandre Pinzon Vargas (Republicanos) e Admar Pozzobom (PSDB). Mais uma chance, sussurram os corredores do Palacete da Vale Machado, para consolidar o apoio do Vargas emedebista ao grupo que tende a assumir o comando administrativo da Câmara no final do ano.
PARA FECHAR
Com a recusada volta das coligações proporcionais, tem presidente de partido minúsculo e inexpressivo "chorando as pitangas", pois está perdendo sua única arma - meia dúzia de segundos no trololó eletrônico, para negociar em troca de cargos. Sim, isso vale também para Santa Maria, onde há várias siglas com insignificante número de filiados e se metem de pato a ganso.